sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O que ficou de tudo isso

Gleide Firmino- Teatro do Concreto


Bom, chega ao grupo com uma idéia maluca de intercâmbio com um grupo de Recife. Vamos estar juntos em um processo criativo que seria norteado por fotografias tiradas por nós e enviadas pra lá, e vice versa. Parando agora para pensar em tudo isso me vem muitas coisas a cabeça, essa forma nova de criação mexeu muito com todos nós, deu um nó em nossas cabeças, estávamos acostumados a criar de estímulos um pouco mais direcionados, fossem eles textuais ou imagéticos direcionavam de alguma forma o nosso olhar. Já com as fotografias foi diferente, primeiro por que era tudo muito subjetivo. As vezes me pegava tentando fazer o papel de vidente, tentando decifrar o que os magiluths estavam querendo dizer com aquela imagem, claro que isso era impossível e  dava um nó na minha cabeça, o jeito era pensar juntos no que aquela foto  queria dizer, e criar a partir dos estímulos que ela me trazia. Pensar desta forma nós deu mais liberdade, nos abriu milhões de possibilidades. Cada um enxergava particularidades nas fotografias quem somadas enriqueceram o nosso trabalho. E por falar em possibilidades, resolvemos nos arriscar a trocar as funções, fazer um rodízio entre dramaturgia, direção e atuação, essa troca foi caótica, mas fundamental para o crescimento do grupo em minha visão essa troca foi o detonador de todas as crises que enfrentamos durante o processo. É difícil lidar com o novo e ainda mais com tão pouco tempo para trabalhar. A pressão da falta de tempo, e também a insegurança de estar exercendo outra função dentro do trabalho nos tirou um pouco o chão, mas foi só um pouco e me trouxe alguns questionamentos. Onde será que nosso sapato aperta? Será que fazer uma troca de funções o deixa ao menos um pouco mais confortável? Não sei, de fato não sei. Mas, além dessas descobertas e questionamentos que foram trazidos a tona, a troca que aconteceu entre os dois grupos serviu de crescimento para os dois, as discussões sobre o processo e sobre a vida em grupo foram de muita valia e me trouxe certo conforto, acredito que pudemos ver que não estamos sozinhos nesse barco, as discussões de gestão e de criação, foram de grande relevância para clarear algumas dúvidas e fez com que novas surgissem, isso nos movimenta, faz com que roda não pare.  Aprendemos com a troca de experiência a encarar problemas de gestão e de convivência com mais seriedade, pois isso pode de fato minar a energia do grupo.
Quanto ao contato com público nas duas cidades para em minha opinião foi boa, estávamos receosos em como o público de Recife enxergaria nossa visão da cidade a partir das fotografias que recebemos. Foi muito gratificante o retorno delas. Já o público de Brasília não foi muito receptivo as cenas, e isso também foi bom para a gente. Acredito que receber críticas também sejam positivas. Foi onde conseguimos chegar naquele momento e chegar juntos, respeitando o trabalho e cada um se doando na medida do possível.
O que ficou de tudo isso? A poesia que os olhares guardaram para mim, descobertas, dúvidas, angútias, sorrisos, crises, pensamentos, idéias, cumplicidade uma vontade de continuar.



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