quinta-feira, 25 de agosto de 2011

experimentando um pouco do "outro"

Saindo do Lugar
Por Alonso Bento
Teatro do Concreto

                O encontro com o Grupo Magiluth/PE possibilitou a nós, Teatro do Concreto, experimentar outros lugares no processo de criação: o tapete de improviso. Na verdade um velho-novo lugar, uma vez que já havíamos trabalhado com improviso em outros momentos de nossa trajetória, e, no entanto ainda não tínhamos trazido este elemento para o processo do Rumos. Pois bem, hora de sair novamente do lugar!
                Destinamos dois encontros para aplicar o jogo de improviso criado pelos meninos de Recife que consistia em basicamente: separar no tapete um espaço amplo para o diálogo (onde duas ou mais pessoas deveriam ocupar quando a música acabasse ou outro mecanismo detonador fosse acionado), e dois espaços para monólogos. O restante do espaço que não fora demarcado deveria ser preenchido com a presença de quem não estava jogando.
                No primeiro ensaio, antes de começarmos o jogo, fizemos uma dinâmica com as fotos enviadas pelo Magiluth a fim de acharmos em conjunto os temas das fotos como também um tema único para as imagens. Logo em seguida separamos quatro espaços: um grande para o diálogo no centro da sala, e três outros espaços para os monólogos.
                Começamos o jogo com base no tema extraído das imagens, que era a “ação coletiva”. Durante a execução dos exercícios, Francis propôs uma variação, que era inserção de outros temas, subtemas, nos espaços de monólogo. Sendo assim, improvisamos sobre ação coletiva e também sobre música, memória, piadas, ações físicas, danças...
                Tivemos momentos muito bons na sala de ensaio. Apesar de não termos praticado durante horas o jogo, pois sabemos que as primeiras coisas que surgem num tapete são descartáveis até que a exaustão venha e traga algo interessante com o cansaço e a superação. Deveríamos ter insistido no jogo, mesmo que as horas para ensaiar já tivessem passado.
                No ensaio seguinte realizamos novamente o jogo, com outras variações: somente três espaços (um para diálogo, como da outra vez; dois para monólogos); desta vez não haveria a provocação externa para acionar os improvisos (os jogadores teriam autonomia para propor as horas de intervenção).
                Mais uma vez tivemos a sensação de que o tempo que havíamos destinado ao jogo não estava sendo suficiente para dar vazão a materiais que fossem de fato preciosos numa criação a posteriori. Talvez porque já esperávamos ter uma cena quase pronta com apenas duas investidas no jogo; talvez porque o reencontro com o improviso tenha nos tocado num lugar onde já não percorríamos mais nos nossos processos (a metodologia usada nas nossas primeiras cenas apontava para a criação de workshops na maioria individuais, o que dava um trabalho enorme para o dramaturgo construir relações e desdobramentos).
                Com o jogo achamos uma possibilidade na construção das relações, pois elas já nasciam dentro do tapete; também pudemos perceber que o volume de proposição fora aumentado em comparação aos workshops elaborados feitos outrora. Uma experiência que nos tirou do lugar mais uma vez, agora só para endossar o efeito Magiluth sobre nossos olhares e fazeres concretos.


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