segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Olhar (fotográfico) para o espaço urbano

Por Hugo Viana


Folha de Pernambuco 14/02/2011 - http://www.folhape.com.br/index.php/caderno-programa/620670

O outro grupo pernambucano que foi contemplado foi o Magiluth, que vai trabalhar com a companhia Concreto (DF). Os coletivos também estão na fase inicial da pesquisa, pensando sobre as possibilidades do projeto que eles vão apresentar daqui a seis meses. A única certeza até agora é o interesse pela reflexão urbana, a vontade de olhar para a região metropolitana (do Recife e de Brasília) e perceber as formas como a Cidade se apresenta. “Ainda não sabemos exatamente o que vai ser o projeto, se vai ser uma pesquisa, uma performance, um documentário ou uma montagem. Mas decidimos que nosso objetivo é lançar um olhar sobre essas duas cidades”, comenta Giordano Castro, integrante do Magiluth.

Esse contato com a cidade será intermediado pela fotografia. “Vamos fotografar a cidade e colocar no blog as imagens produzidas por cada coletivo. Queremos o blog não como um arquivo, mas algo que tenha vida”, explica Giordano. Nesse breve contato visual, os integrantes do Magiluth já conseguem localizar certos vícios do olhar, enfatizados pela busca fotográfica pela identidade do Recife. “Já começamos a refletir sobre isso no blog. É tão comum andar na cidade e não enxergar coisas ou pessoas, então pensamos nas fotografias para ver como ela se mostra de verdade. Queremos a partir desse olhar expandir a visão das pessoas, olhar o Recife não como um belo quadro, uma cidade armorial, amarela e âmbar, mas olhar o cotidiano com uma lupa artística”, ressalta o ator. O endereço do blog é http://doconcretoaomangue.blogspot.com/.

Giordano acredita que ainda é cedo para revelar a problemática que essa pesquisa irá apontar. “É um projeto que vai se mostrar com o processo. Vamos ter encontros e também uma conversa com Luiz Fernando Marques, do grupo paulista XIX. A partir daí vamos dar um direcionamento, organizar mostras e performances dialogando com a cidade”, aponta Giordano.

O encontro entre o Magiluth e o Concreto aconteceu pela pro¬ximidade conceitual dos coletivos. “Nossa relação já tem um tempo. Eles nos convidaram quando fomos para Brasília para participar do primeiro Fórum de Teatro de Grupo do Distrito Federal, e desse encontro surgiu a vontade de fazer trabalhos juntos”, lembra Giordano. Para o trabalho em equipe, as duas companhias estabeleceram certas diretrizes para guiar esses seis meses de trabalho. “Pensamos numa janela de gestão, que é o espaço para o grupo trocar experiência. Por exemplo, eles nos enviam um problema, e nós temos que pensar numa resposta para solucionar, ou então a gente envia um desafio voltado a nossa vivência enquanto grupo, e eles respondem. Essa é a ideia desse projeto do Itaú, a articulação e o intercâmbio entre os grupos”, ressalta Giordano.

O Magiluth está em fase final do próximo espetáculo, “Gregório”, que estreia em abril. “Com esses dois projetos, estamos trabalhando das 8h da manhã até às 19h”, comenta o ator.

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