sexta-feira, 17 de junho de 2011

O encontro com o público: algumas respostas

Você já viu um peixe-pão? Como mostrar um processo? Você não viu Recife nessas cenas? O que eu posso dizer de um processo? Agora eles estão me vendo? Vocês acham que essa cena vai funcionar com uma platéia de gente de teatro? Como é que você olha para um processo? Por favor, alguém pode dizer algo que sentiu ao ver as cenas? Por que mostrar um processo? Isso tá longe de ser um espetáculo? Essa foto fala mesmo de impotência e solidão? A gente é muito melhor que isso? Tudo que é mostrado no “palco-vitrine-moldura” se coloca como obra? O que vocês querem com isso? Você poderia compartilhar alguma imagem? Por que um banco patrocina algo assim? O espaço prejudicou a relação da cena com o público? Você viu o mar? Você sentiu falta da organização de Brasília? Talvez isso só interesse ao umbigo da gente? A cidade é mesmo assim? Essa cena está falando mesmo de nós? Por que usaram elementos recorrentes em outros trabalhos? Você achou agressivo? Então, alguém teve alguma imagem, alguma sensação? O nosso olhar sobre a cidade é estrangeiro? Você já assistiu tudo o que a gente fez e se sentiu frustrado? Essas crises de vocês interessam a alguém? Brasília é para os iniciados? Você achou muito caótico? Você acha que a cena fala de como é difícil criar e que o artista trabalha muito? Sentiu vontade de levantar e sair? Será que nossa cena é uma janela de gestão e não de criação? Você que inventou essa história? Você faz arte para atender a expectativa de quem? Você entende que as cenas não se realizam que algo bonito começa a aparecer, a ser criado e morre em seguida? Qual a nossa expectativa em relação aos olhares de vocês? Essa é a pior coisa que a gente já fez? Vocês não acham que muita exposição para o grupo? Alguma sensação? Alguém já disse que vocês são muito corajosos? Qual a importância de um projeto como esse? Por acaso alguém aqui te convidou para assistir a um espetáculo? Tinha como esse olhar não ser estrangeiro? Aquela cena faz o ar parar no peito? Isso é teatro? Esse é o melhor trabalho da gente? Você viu que as meninas estão emocionadas com essa cena? O que é que está acontecendo? Como você pode achar que isso que a gente fez é um espetáculo? O que essa crise do grupo, da cena, revela da crise do país? Será que a gente devia ter feito mostra desse processo? Oh, gente! O pessoal tá achando isso que a gente fez bom mesmo? Alguém gostaria de falar? Será que o enunciado “aquilo que meu olhar guardou pra você” interfere na relação com o público? É melhor os debatedores convidados falarem depois do público, né? O que fazer quando todos parecem ter o mesmo rosto? Nossa crise está tão grande que nem conseguimos nos relacionar com as fotos? Essa asa é uma carabina voadora? Qual o seu nome? Até onde o seu fôlego agüenta? Nós não atendemos à sua expectativa? Você não conseguiu ouvir a verdade? O cavalo marinho não era o cavalinho marinho que tinha pensado que fosse? Essa carta é pra mim? Alguém sentiu? Você viu que aquela bala perdida quase acertou meus óculos? Pra que começar se a gente já sabe como vai terminar? Recife e Brasília são tudo a mesma coisa? Violência em toda parte? Tem lugar pra você na história? Qual é a sua expectativa sobre nós? Segura a minha mão? A verdade é dizível? Tancredo Neves é um bostinha como eu? E agora, pra onde vamos? Eu posso dizer a verdade?!
Eu sou o Francis?

2 comentários:

  1. Tancredo Neves é o símbolo do que PODERIA ter sido... Assim como nós... E eu? Sou Pedro?

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  2. Contemplada em alguns momentos de sua reflexão, gostaria de mais uma vez tentar contribuir: retomando Danto para minha monografia, lembro que a obra de arte não é tudo que sai das mãos de artistas; declarar que algo é arte é suficiente para que seja considerado(a) como tal? Duchamp declarou que objetos quotidianos eram obras de arte, e eles passaram a ser. O que nos atoriza a participar do mundo da arte?

    Estas e infinitas questões, até aqui, encontravam uma referência: "a condição da obra de arte era um resultado da história e da teoria". Se "obras de arte são significados corporificados", e as obras "presentificam significados", e exigem interpretação, vocês promoveram um momento feliz: mais importante que ficar discutindo como se criou a cena X ou Y, as cenas apresentadas desecadearam uma forte impressão (e debate) sobre a cidade de Brasília e o que significaria ser "brasiliense". Se nos mobilizou assim, tocou-nos. Beijos e bom trabalho, sempre! Sheila.

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