terça-feira, 15 de março de 2011

Universo onírico

A subjetividade de criar uma cena a partir de uma imagem me leva a mergulhar em um universo onírico de cores, sons e cheiros. Busco a poesia das pequenas coisas de um lugar que nunca fui de pessoas e de objetos desconhecidos e conhecidos ao mesmo tempo. Estou muito confuso neste processo, por mais que esteja clara a metodologia de criação, fica sempre um questionamento a ser esclarecido. Demorei muito tempo para escrever sobre o processo. Talvez seja porque não sei bem o que escrever, gostaria de colocar tudo o que as imagens me passam, mas sinto que as imagens se tornam cada vez mais inesgotáveis. Dentro do cronograma tenho que escolher uma nova imagem pra enviar aos companheiros de Recife, foi difícil, mas consegui escolher uma que me faz refletir sobre a esperança de se fazer arte e um país cada vez mais caótico. Escrever... Escrever... Escrever... Sentir... Buscar respostas... Fazer perguntas... trabalhar com as imagens para revelar novas imagens.

Jhony Gomantos

5 comentários:

  1. Me interessei e me calei diante de tantos sentimentos vividos... Tinha que contribuir de alguma forma para este espetáculo e por isso decidi passar a noite de ontem escrevendo o que pude observar, não sou crítigo, sou leigo no assunto, e se as minhas palavras não forem suficiente para demonstrar minha satisfação, deixo também minhas calorosas palmas.

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  2. O que diremos, pois, diante dessas coisas

    Trabalhar uma proposta que deveria ser analisada em anos em apenas meses, Muitos sentimentos envolvem o início de um espetáculo as cenas produzem uma seqüência narrativa envolvente, mas não pense que o elo de ligação entre uma cena e outra salta diante dos olhos inusitadas, as ilustrações desafiam os presentes a desvendar todos os "detalhes" escondidos e viver os sentimentos que estão sendo passados.
    Vai além de um espetáculo, até onde o seu fôlego aguenta, traz o público para um ensaio, uma problematização da criação de uma proposta desde o ponto inicial, o que se passa entre os diretores e atores até chegar na perfeição de um espetáculo? E quando a criação começa com imagens, que não nos dizem nada, que não nos identificamos, que não faz sentido, não faz o pensamento se excitar e saltar para um outro nível. Por onde começar, não pode ser fácil, não pode ser repetitivo, deve ser novo, não pode ser plágio, não há tempo, mas deve acontecer.
    Todo pensamento antes de ser conhecido, não passa de uma porção de idéias amontoadas na cabeça, que apenas ocupa espaço, às vezes a cena está ali, mas de tanto forçar o pensamento buscando uma idéia, você se esquece de abrir as janelas da visão e ver tudo acontecendo e fluindo naturalmente, é como um detalhe que passa despercebido, porém, a percepção se torna possível, quando deixa-se de lado todo esse tradicionalismo e foge-se de cena, tirando a roupa e dançando, cantando uma canção, surpreendendo a todos. Por que inventar um personagem? Cada um tem vida, e essa vida que se passa atrás das cortinas é curiosa e todos desejam conhecê-la, participar dela. O maior espetáculo está aí, é a própria vida, ela acontece de forma espontânea, às vezes aparecem obstáculos e eles nos privam de brincar, de mergulhar na fantasia protagonizando a si, tomar gosto por ser o que é, sobreviver num mar de sentimentos, que é preenchido lentamente, gota à gota, e quando pensamos que está quase cheio alguém leva um pouquinho desse mar, um pouquinho das nossas ações, tomadas de forma inesperada, mas quem leva um pedaço de nós, deixa um pouquinho de si e deixa também o que buscamos no íntimo da alma: - aplausos por estar vivos. Aplausos para quem fala muito, para quem só brinca, para quem cria e para quem permanece em silêncio.

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  3. Não sei quem me falou, mas um dia ouvi que verdadeiros amigos são aqueles que não ficam incomodados com o silêncio um do outro quando estão juntos.
    A vida é assim, há momentos de alegrias, tristezas, raivas, momentos de pressa e desespero, mas há momentos de ficar calado, e isto deve ser respeitado, meio sem querer, surgem idéias sensacionais, mas enquanto essa maçã não cai na cabeça, deve-se apoiar naqueles que estão ao redor, eu sei, é difícil conviver com as diferenças, é difícil aceitar o que não é agradável no individualismo de cada um, entendendo os problemas dos outros, mas, cada um tem o seu papel, e todos tem fundamental importância para um grupo, e quando perdemos, notamos quão valiosa pode ser a presença e quão desastrosa pode ser uma ausência, às vezes apanhamos da vida, ela nos tira pessoas que amamos, mas a perda de um companheiro também é motivo de se erguer e tentar de novo ou então perder a cabeça de vez, é você que escolhe que parte entrará no palco para encenar, lembre-se quando pensamos que as coisas estão ruins, e não poderia ficar pior, é então que, começa a chover.
    E quando essa chuva chega... Você pode escolher, entre sair de guarda-chuva e se proteger, sair na chuva e se molhar ou simplesmente se estacar na solidão, este último é o estopim, o momento de desistir, se sufocar, não ter uma superfície para respirar, assim são as pessoas, alguns abandonam o barco e mergulham no mar da vida, e enquanto não perdem todo o fôlego, se afogam nas ilusões de ter um cavalo marinho levando-as para um lugar onde todo o sonho é concreto.
    E como protagonista de uma vida, faço um pedido, que também é um alerta: - Atue com perseverança, se arrisque, ame, viva, pois somos o produto de nossas ações e de nossos comportamentos. Não deixe de tentar por medo de errar, de sonhar por medo de não realizar, de fazer por medo de se arrepender... O importante é o agora, ele se chama presente, então desfrute com intensidade desse palco, leve as pessoas a desejar este espetáculo, para que elas também se identifiquem e sintam vontade de viver, corra, grite, cante, dance antes que o último fôlego te abandone...

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  4. Contextualização de imagens

    1ª Um trabalhador, em sua cansada rotina, parece que nada muda e na imensidão do seu trabalho, o mesmo se sente impotente, por mais que tenta, há muito serviço para uma pessoa só, o mesmo, deixa de enxergar muitos tesouros ao seu redor e se perde na solidão, com quem poderá compartilhar a alegria de ter conseguido terminar o trabalho? Com quem compartilharia o tesouro encontrado? Não há motivos, nem razões, não há desejo de se levantar, nem tão pouco de ir trabalhar, mas a alma grita por sustento e por mais que os sonhos são coloridos, às vezes a realidade é escura e nos obriga a ir contra as nossas sinceras vontades.
    2ª Um barco abandonado com uma placa na margem de um rio, informando que é proibido parar e estacionar, isto me vem à mente um sonho, algo surreal, uma matrix e ao mesmo tempo, penso na placa como uma continuidade, é a vida dizendo, não pare, movimente-se, faça melhor, vá além... E por um segundo, posso ver que o viajante daquele barco fecha seus ouvidos buscando um escape, não suporta tanta pressão e por tanta cobrança, desiste e abandona o barco.
    3ª Vejo uma cidade grande, porém desabitada, a cidade pode ser vista como a nossa mente, é uma imensidão de planos, caminhos, desejos e sonhos. Mas que insiste em não funcionar, em não dizer o que fazer e para onde ir. Na fraqueza do ser, medíocre, sem poder algum, dono dos seus pensamentos, porém, perdido nos mesmos. Surge o medo, medo de não ter ajuda, medo de estar fazendo errado, medo de viver, pois a mente é como um grande precipício, ou um copo d’água onde o último fôlego se perde.

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  5. Cada fôlego é precioso, se não fosse pelo último minuto, muita coisa ficaria sem fazer-se...

    E ao Concreto, Muito obrigado por me ceder o privilégio de vislumbrar o vosso trabalho!

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