terça-feira, 14 de junho de 2011

Relato Thaysa Zooby - Parte I

O Concreto atravessou o mangue no dia primeiro deste mês.
Finalmente tivemos a oportunidade de conhecer pessoalmente as pessoas com quem nos correspondíamos há pelo menos 4 meses. Junto com eles veio Luiz Fernando Marques (Grupo XXI de Teatro) para realizar uma oficina conosco.
A umidade do ar e o calor do sol foram a primeira saudação aos forasteiros, a segunda foi uma rodada de pizza onde lhes demos as boas-vindas  nós mesmos e aproveitamos para começar a associação dos nomes aos rostos, nos preparando para o que viria no dia seguinte.

O DIA SEGUINTE (sexta-feira/02/jun)
Primeira etapa da oficina. Enquanto esperávamos os retardatários (sim, eles existem nos dois grupos) fizemos o aquecimento e logo Lubi entrou em cena trabalhando a nossa percepção corporal, inicialmente através de dois detonadores: um poema e uma música.
Começamos a nos pesquisar individualmente acerca do volume das nossas arquiteturas corporais, dos apoios, das cores e das formas (forma física/estrutural, movimento, linhas que construímos no espaço) dessa arquitetura.
Obs.: o pronome no plural quer dizer que mesmo Douglas e eu, que ali estávamos apenas como ouvintes, pudemos sentir a oficina por meio das sensações alheias.
A partir dessa percepção pessoal veio a descoberta da arquitetura do outro, por conseguinte o encontro do olhar, até estarem todos compondo uma única arquitetura fluida, as partes percebendo-se e modificando o todo. Um intercâmbio de sensações, cores, tamanhos, pesos e levezas, de cidades e histórias e vidas.
Finda a primeira etapa desse dia, almoçamos juntos no SESC Piedade e fizemos um tour saindo de Jaboatão até a sede do Magiluth no Recife Antigo.

A segunda parte desse dia era a que mais angustiava a todos.
Poucos dias antes do nosso encontro Lubi enviou um email com um dever de casa que era fazermos, cada um, um presente daquilo que o nosso olhar guardou para o outro, nesse pacote deveria ter coisas pra dizer, sentir, vestir e fazer. Éramos quase Hercules e seus 12 trabalhos.
Bem, cada qual com seu presente a mão teve 30 minutos para escondê-lo em algum lugar da cidade e desenhar um mapa de como achá-lo. Trocados os mapas entre si foram atrás do tesouro e quando encontrassem o que lhes era reservado, tinha que viver o seu presente ali, intervindo no espaço urbano. Depois nos reunimos novamente na sala para dividir as experiências que cada um passou e descobrir as duplas de trabalho para o próximo dia.

 O PRÓXIMO DIA DO DIA SEGUINTE (sábado/03/jun)
Cada dupla teve a manhã inteira para conversar, trocar uma idéia e intervir no espaço urbano. Boas idéias surgiram e algumas duplas as colocaram em prática, quem estava circulando pela cidade nos arredores da Praça do Diário deve ter percebido várias movimentações diferentes (mais estranhas do que o cotidiano local), no Pátio do Livramento era possível ouvir trechos de ‘Morte e Vida Severina’ sendo recitados para um caranguejo, também ali por perto passava alguém com uma bomba para explodir... Ah teve a da mulher que conversava com a estátua, um que banhava fotos 3x4, uma estrangeira tentando aprender o frevo, outro no meio da praça oferecia uma xícara de chá... Tinha ainda um homem que trocava lembranças, o negócio era simples, você contava uma recordação sua e ele lhe dizia uma dele. Se isso desse dinheiro não haveria papel moeda que bastasse pra o nosso reencontro na sala depois. Talvez pela limitação espacial do nosso primeiro contato todos ficaram voltados mais para a interação humana do que com a arquitetura dos lugares.
Concluída a etapa Mangue da oficina, agora são dois dias de apresentações das cenas e na segunda-feira uma roda de conversa entre os grupos mediada por Lubi, mas isso já é assunto pra outra postagem (temo o dia que me editarão os textos pelo tanto que eu escrevo).
Thaysa Zooby.

Nenhum comentário:

Postar um comentário